Fortaleza alcança feito inédito e se classifica para final da Copa Sul-Americana em noite de recorde de público e muitas emoções na Arena Castelão
Fortaleza, CE - A noite de 3 de outubro de 2023 reuniu os torcedores antigos, os que estavam vendo o time no estádio pela primeira vez, quem viajou de longe, quem não estava mais entre nós, mas estava nas memórias daqueles que herdaram o coração tricolor e aprenderam a amar o Fortaleza. Toda a família do Leão estava unida em um propósito e celebrou mais um feito inédito. A palavra que se repete tantas vezes no dicionário tricolor nos últimos anos se fez presente mais uma vez. E foi extremamente especial. Todas as festas são necessárias para essa família, porque após a vitória por 2 a 0 em cima do Corinthians, o Fortaleza está na final de uma Sul-Americana pela primeira vez na história.
Nas arquibancadas, houve toda uma preocupação para que tudo fosse perfeito. Cada detalhe no devido lugar. Desde o cuidado na criação de cada momento especial, cada mosaico planejado, até cada instrução compartilhada na rede social para que fosse tudo impecável. Os torcedores deixaram para trás a semana de questionamentos sobre as organizadas, os episódios lamentáveis do duelo de ida e entregaram um espetáculo bonito de assistir. Toda preocupação deu lugar à admiração e pertencimento.
Muito antes da abertura dos portões do estádio, os torcedores já se acumulavam e festejavam mesmo sem ter um resultado. Não era necessário, afinal, o simples fato do patamar alcançado pelo Fortaleza já representava muitos motivos para celebrar.
As músicas podiam ser ouvidas de longe, a multidão enchia as ruas ao redor do estádio e se multiplicava à perder de vista. Todo mundo fez questão de chegar cedo para não perder nenhum instante. Os jogadores encontraram esse mar de gente e foram batizados com as cores do clube durante o percurso. Um apoio e motivação para o desafio que viria pela frente. Mas além disso, uma festa e agradecimento pelo que já havia sido feito.
Sintonia entre time e arquibancada
Nos minutos iniciais, mais um presente foi entregue ao time: hino à capella e mosaicos especiais. O Leão simbolizava o time e a frase resumia tudo sobre o que se tratava aquela noite: “Um clube, um sonho”. Era por esse sonho que todos aqueles torcedores sentaram naquelas arquibancadas nas noites difíceis antes dos acessos recentes e das glórias dos dias de hoje. O torcedor sabe que o caminho foi longo e por isso que, mesmo quando favorito, não abre mão de engrandecer cada feito.
O time correspondeu à altura. A sintonia entre arquibancada e os 11 em campo funcionou perfeitamente. O Fortaleza era mais forte coletivamente, movimentava-se com precisão, mantinha-se obediente taticamente e obrigava Cássio a trabalhar. Durante todo primeiro tempo o time martelou e a torcida explodiu a cada tentativa. A melhor chance foi de Pikachu aos 36, depois de encher o pé. O torcedor ficou surpreso e o jogador convidou a massa para cantar ainda mais alto.
Nos minutos finais Vojvoda já demonstrava impaciência com os caprichos da bola, que teimava em não entrar. Levava as mãos à cabeça, andava de um lado para o outro e aguardava o intervalo para conversar com os jogadores. Quando ouviu o apito, partiu rapidamente para o vestiário. O torcedor prendeu o fôlego. O clima de apreensão e nervosismo era palpável, mas as tentativas de acalmar o coração também eram visíveis.
Os gols para aliviar o coração tricolor
Pikachu tratou de tirar o peso do coração dos tricolores. Balançou as redes, aparecendo como protagonista após ser titular pelo segundo jogo seguido e herdar vaga de Marinho, machucado. Ouviu o estádio todo cantar “Gol do Pikachu!” e encaminhou a classificação.
Seis minutos depois, Tinga fechou com chave de ouro. Levantou a torcida novamente com gol após cruzamento de Bruno Pacheco. Era de se esperar que ele aparecesse com algum grande feito nessa caminhada na Sul-Americana. Acontece que Tinga não é um personagem normal na história do Fortaleza. Apesar dele negar o título de “ídolo”, é necessário deixar a modéstia apenas com ele. É unanimidade entre os torcedores que essa denominação cabe muito bem na figura dele.
O jogador tem estrela e respaldo da torcida do Fortaleza. Teve a primeira passagem do time em 2015, quando ficou marcado pela assistência pro gol de Cassiano, e voltou em 2018 para escrever a história atual do Leão. Viu o time conquistar o título da Série B, garantir o acesso para Série A e todos os feitos realizados na elite do futebol desde então. Foi peça presente nas mudanças recentes do Fortaleza e testemunha do caminho trilhado até o momento atual.
A comemoração foi com os companheiros e depois com o técnico. Vojvoda seguiu pedindo atenção na marcação, totalmente ligado na partida. O som das baterias funcionava como tic tacs de relógio. Mostrava que o tempo estava passando. Cada disputa vencida era motivo de explosão e o torcedor curtia o segundo tempo com a vantagem construída.
Os minutos finais eram a preparação para soltar o grito de finalista. Após o apito, os abraços tomaram conta. Entre os torcedores e entre os jogadores. A alegria pulsava na Arena Castelão e trazia junto a esperança. As duas coisas estarão presentes no Uruguai, com certeza.
Um clube, um sonho
O Fortaleza e a conquista inédita da taça da Sul-Americana. Se um dia isso esteve longe, agora está apenas a um jogo de distância. Até aqui já se viu que não falta competência, preparo e trabalho. O Leão não caiu de paraquedas nesse desafio. Também não falta apoio, amor e motivação. Mais uma vez o time provou que quer muito essa conquista e se empenha para entregar mais esse feito para o torcedor.
Esse apaixonado personagem que segue o tricolor, como prometido na música das arquibancadas, nunca parou de apoiar. Seja na Série C, ou na busca de uma taça internacional. O torcedor do Leão sabe de onde veio e por isso valoriza ainda mais os lugares aonde tem ido. Sempre acreditando pode mais, que é possível.
Siga comemorando, torcedor. Somar mais esse feito inédito tem se tornado cada vez mais realidade.