Jogador do Everton concede entrevista sincera ao ex-jogador Gary Neville, contando que pensou em se aposentar recentemente e precisou se internar para tratar vício em remédios para dormir
Londres - Uma entrevista sincera do meia Dele Alli, do Everton, causou comoção na Inglaterra, com o jogador revelando que já foi abusado na infância, foi usuário de drogas e até mesmo se envolveu com o tráfico antes de ser adotado aos 12 anos. No papo com o canal do ex-jogador Gary Neville, Dele Alli contou histórias de uma dura infância, revelou ter ficado viciado em remédios para dormir recentemente e deixou o comentarista emocionado.
Aos sete, comecei a fumar. E aos oito comecei a traficar. Uma pessoa mais velha me disse que eles (polícia) não paravam uma criança de bicicleta. Então, eu andava com minha bola de futebol, e por baixo eu carregava a droga.”
— Dele Alli, jogador do Everton
Alli revelou que sua mãe era alcoólatra e que foi abusado aos seis anos por um amigo dela que frequentava sua casa. O drama na infância permaneceu, inclusive com uma ameaça de morte aos 11 anos, com um homem que tentou enforcá-lo. Até que a vida do futuro jogador mudou quando foi adotado.
- Aos 12, me adotaram. Foi uma família incrível, e eu não poderia ter pedido pessoas melhores para fazer o que fizeram por mim - relatou.
Internação para tratar vício em remédios
O drama do inglês, entretanto, não permaneceu apenas no passado. Considerado uma das joias do futebol inglês ao aparecer no Tottenham, Dele Alli não alcançou o sucesso esperado. E revelou que recentemente pensou em se aposentar com apenas 24 anos.
- Em uma manhã, me levantei e teria que treinar. Lembro que me olhei no espelho e perguntei se poderia me aposentar. Com 24 anos, fazendo o que gostava. Para mim, foi desesperador. Sempre fui eu contra eu mesmo em tudo. Estava preso em um ciclo ruim e em coisas que estavam me fazendo mal.
Alli também contou que, ao retornar da Turquia para a Inglaterra recentemente, após um empréstimo frustrado ao Besiktas, percebeu que estava viciado em remédios para dormir. Então, procurou uma clínica de reabilitação.
- Tenho medo de falar sobre isso. Quando voltei da Turquia e descobri que precisava de uma reabilitação. Estava mentalmente muito mal e decidi ir para um centro de reabilitação de saúde mental. Eles tratam vícios e traumas. Senti que era o momento. Eles não podem dizer para você ir, você tem que saber e tomar a decisão sozinho, ou não vai funcionar - afirmou.
O jogador também detalhou como acabou viciado nos remédios.
- Foi acontecendo por muito tempo, sem que eu percebesse. Estava usando para disfarçar os sentimentos que eu tinha, não entendia que eu estava fazendo de propósito. Eu definitivamente abusei deles. Se tornou ruim em alguns pontos, e não entendia o quanto era ruim, nunca lidei com o problema na raiz. Quando cresci, os traumas que tive, os sentimentos, tentei lidar com isso sozinho. Me perdi por anos.