Trio foi fundamental na vitória por 2 a 0 sobre o Bolívar na terça e coloca o Colorado na semifinal da Conmebol Libertadores, a três jogos da taça
Porto Alegre - Eduardo Coudet, Sergio Rochet e Enner Valencia. Os homens que mudaram a história do Inter na temporada. Se hoje o torcedor sonha (e com razão) com o tricampeonato da Conmebol Libertadores, a ilusão passa pelo trio. Na noite de terça-feira, o treinador, o goleiro e o atacante comandaram a vitória por 2 a 0 sobre o Bolívar e deixaram o time na semifinal, a três jogos da “glória eterna”.
O Colorado que atuou no Beira-Rio esteve insatisfeito com a vantagem conquistada no jogo de ida, em La Paz. Lutou para construir o placar e buscar cada vez mais gols. Um traço evidente do treinador, que pede para encurtar os espaços e pressionar a saída de bola do adversário. Não foram uma, nem duas vezes em que Valencia e Alan Patrick estiveram em cima de Lampe, goleiro rival.
Na escalação inicial, Coudet surpreendeu com Hugo Mallo, lateral-direito com quem trabalhou no Celta, improvisado na zaga com Mercado. O espanhol mostrou segurança e os gaúchos pouco sofreram, o que mostrou o acerto na escolha para substituir Vitão, machucado.
O camisa 13 merece um capítulo à parte no livro que ainda tem páginas por escrever. A espera para tê-lo valeu a pena. Valencia já soma quatro gols no torneio. Dois deles saíram sobre os bolivianos no Beira-Rio. Um gol em cada tempo, com direito a outro anulado.
Era difícil encontrar um problema no Inter. Aí veio o pênalti de Nico Hernandez, no fim da partida, quando o Colorado já tinha construído o placar. Só que a mágica noite teve defesa de Rochet na cobrança de Ronnie Fernández. Era o que faltava ao uruguaio, que conquistou o coração dos 49 mil presentes e recebeu os gritos de “olê, olê, olê, olê! Rochet, Rochet”.
O trio citado e decisivo é um mérito da direção liderada pelo presidente Alessandro Barcellos. Todos estrearam a partir das oitavas. O Inter aguarda o vencedor entre Olimpia e Fluminense na quinta para saber quem será o rival na semifinal. Até lá olhará cada vez mais confiante para buscar o tri da Libertadores.
O jogo
Se o protagonismo vem do trio, sobraram coadjuvantes de luxo. O Inter confirmou a força que mostra nas últimas partidas. Wanderson estava inspirado e recordou as melhores atuações do ano, colocando os bolivianos atrás.
Não demorou a sair o gol. Aos 10, o camisa 11 arrancou pela esquerda, deixou a marcação para trás e rolou para Valencia. Mesmo pressionado, o atacante estufou as redes e correu para abraçar o parceiro antes de sumir no meio do grupo.
A dupla infernizava o rival. Valencia chegou a anotar mais um, ao chutar na saída de Lampe, mas estava milimetricamente impedido. A dupla tinha a companhia de Alan Patrick e Mauricio.
Apenas uma situação parou o Inter na etapa inicial: o gás de pimenta que veio de fora do Beira-Rio e incomodou jogadores e torcida, obrigando o jogo a ser interrompido por sete minutos. Fruto de uma confusão na rua em frente ao estádio.
Na etapa final, mesmo com a vantagem, o Inter não administrou. Seguiu no embalo do quarteto ofensivo. Aos 14, o segundo saiu. Com quem? Valencia, claro! Alan Patrick lançou o atacante, que carregou a bola para a área, superou Ferreyra como quis e chutou sem chances a Lampe.
Mesmo com o placar seguro, o Colorado ainda seguiu no ataque. Alan Patrick, Mauricio e Carlos de Pena, que entrou na vaga de Mauricio, pararam no goleiro boliviano ou chutaram para fora.
Entre as peças deste Inter cada vez mais sólido, é preciso citar Charles Aránguiz. O único jogador do grupo que estava na semifinal em 2015 facilita as jogadas. Ajuda na marcação e é fundamental para a construção. A subida de Johnny, melhor a cada partida, vem também da parceria com o chileno.
Já classificado, o Inter cometeu um pênalti aos 36. O árbitro Esteban Ostorich foi chamado pelo VAR para revisar lance e apontou toque de mão de Nico dentro da área após o chute de Algarañaz. Só que Rochet não deu chances ao Bolívar comemorar e segurou o pênalti de Ronnie Fernández.
O uruguaio confirmou as credenciais e o ousado movimento da direção ao buscá-lo, mesmo com a fase de John, já negociado com o Valladolid. Rochet foi fundamental diante do River Plate, ao empilhar defesas complicadas no Monumental, bateu o pênalti da classificação às quartas de final, voltou a ser decisivo em La Paz e agora pegou a primeira cobrança pelo clube.
O Beira-Rio rugiu de vez. Os reservas sorriam. Matheus Dias cantava as músicas junto com a Popular, principal torcida do clube. Com os celulares acesos, foi só comemorar e, claro, provocar o Grêmio. O sonho está cada vez mais vivo. O torcedor tem cada vez mais motivos a acreditar. Faltam três jogos...