Resultado não será conhecido logo depois das oitivas, e brasileiro poderá concluir a Premier League. Consultoria jurídica indica ainda recursos para mantê-lo em atividade em caso de sanção
Rio de Janeiro - Lucas Paquetá terá um fim de temporada sem riscos pelo West Ham. O julgamento por envolvimento em apostas esportivas, que completa três semanas nesta segunda-feira, não tem prazo para ser concluído, mas já é sabido entre as partes que o veredito não será anunciado logo após o término. Neste cenário, o futuro do meia brasileiro seguirá em debate pelo menos até junho.
A previsão é de que a sentença demore, no mínimo, um mês e meio até ser anunciada mesmo após as oitivas. A Premier League termina no dia 25 de maio, e Paquetá segue liberado para jogar. O West Ham é somente o 16º colocado na tabela, mas em situação confortável na luta contra o rebaixamento, com 35 pontos, 15 a mais que o Ipswich Town, primeiro na zona da degola.
Paralelamente à defesa no julgamento conduzido por uma corte independente a partir das denúncias da Federação Inglesa, Paquetá conta com consultoria jurídica com estratégia definida para postergar a execução de uma possível punição. A percepção é de que há recursos suficientes para mantê-lo em atividade mesmo em caso de sanção.
A partir do momento em que for dado o veredito, Lucas Paquetá poderá recorrer na própria Federação Inglesa e em um segundo momento na Corte Arbitral do Esporte (CAS). Neste cenário, enquanto a pena estiver vinculada ao futebol inglês, o meia poderia seguir em atividade em outro país.
Há ainda a parte que cabe à Fifa, que habitualmente nestes casos homologa a pena a nível mundial - o que costuma acontecer meses após a condenação. Assim, caberia recurso no Comitê de Apelação da entidade e, em última instância, novamente no CAS.
Lucas Paquetá está em atividade normalmente pelo West Ham. O meio-campista soma 35 partidas na atual temporada, sendo cinco pela Seleção, com cinco gols marcados e uma assistência. No último sábado, ele participou dos 90 minutos no empate por 2 a 2 com o Bournemouth, pela 31ª rodada da Premier League.
As infrações e o risco de punição severa
Em comunicado divulgado pela FA em maio do ano passado, Paquetá foi acusado de ter violado as regras de conduta relacionadas a apostas esportivas nos jogos contra Leicester, em 12 de novembro de 2022; Aston Villa, em 12 de março de 2023; Leeds United, em 21 de maio de 2023, e Bournemouth, em 12 de agosto de 2023. Ele levou cartão amarelo nos quatro confrontos em questão.
Lucas Paquetá foi acusado de quatro violações da Regra E5.1 da federação inglesa, em relação à sua conduta em quatro jogos do Campeonato Inglês. Essa regra diz que um jogador “não deverá, direta ou indiretamente, tentar influenciar, para fins impróprios, o resultado, o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência em ou em conexão com um jogo ou competição..
De acordo com documentação da FA, ofensas por apostas são separadas e distintas de acusações de manipulação dos jogos. Porém, quando pode ser provado que uma aposta afetou o resultado ou decorrer de um jogo, a acusação é específica, e não incidente de ofensa por aposta. Um jogador condenado por interferir no resultado ou no decorrer de uma partida pode ser banido pela vida toda.
De acordo com a FA, a alegação é que Paquetá “procurou influenciar diretamente o progresso, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência nessas partidas, buscando intencionalmente receber um cartão do árbitro com o propósito indevido de afetar o mercado de apostas para que uma ou mais pessoas lucrem com apostas”.
A federação não detalha em seu livro de regulações disciplinares quais as faixas de sanções para quem violar a regra E5.1. Porém, em casos de uso de informação privilegiada para o propósito de apostas, um jogador pode pegar desde suspensão de seis meses até banimento pela vida toda, além de multa.
A comissão reguladora da FA vai avaliar se Paquetá providenciou informações e ajuda às autoridades envolvidas. Isso pode amenizar uma possível punição por violações.
A FA citou em maio que o brasileiro também foi acusado de duas violações da regra F3, o que pode configurar como má conduta para responder questões e providenciar documentos.