Seleção tem dificuldade para furar forte marcação peruana e soma 74 passes errados por impaciência no campo ofensivo. Martinelli entra bem e bola parada decide
Lima, Peru - Uma vitória na base da insistência. O Brasil que fez 1 a 0 sobre o Peru na noite de terça-feira, em Lima, esteve longe do futebol envolvente do 5 a 1 contra a frágil Bolívia, mas teve no gol de Marquinhos no fim a recompensa por não ter desistido de buscar o resultado positivo - por mais que muitas vezes por caminhos que não funcionaram.
Diante de uma seleção peruana com uma imposição física muito forte desde o minuto inicial, a Seleção teve dificuldades para encontrar soluções que clareassem espaços no campo de ataque e por vezes pecou pela ansiedade. Os 74 passes errados evidenciam o quanto o Brasil teve mais pressa do que paciência diante de um adversário bem ajustado defensivamente.
O desafio bem maior do que na goleada em Belém ficou claro logo no início quando a seleção peruana subiu a marcação tirou o conforto do Brasil na saída de bola. Se tiver trabalhado a partir do círculo central no treino da véspera esperando um adversário mais conservador, o time de Diniz se viu pressionado desde o primeiro toque na bola.
A estatísticas de Ederson ajuda a explicar o cenário: diante dos bolivianos, o goleiro deu 32 passes, número que subiu para 48 diante do Peru. Com a necessidade de circular a bola na linha mais baixa, o Brasil tentou verticalizar as ações a partir da saída da pressão e errou muito.
Ainda assim, a Seleção conseguiu marcar dois gols anulados pelo VAR a partir de passes mais longos. Casemiro encontrou Neymar impedido nas costas da zaga no primeiro, e Bruno Guimarães descolou bom cruzamento no segundo. O jogo de aproximação estava mais difícil nas redondezas da área peruana.
Por mais que se defendesse bem, o Peru pouco desafiava o Brasil ofensivamente. Ederson terminou a partida sem nenhuma finalização na direção de seu gol, apesar de Paolo Guerrero dar o trabalho habitual aos zagueiros no pivô e nas segundas bolas.
Na volta do intervalo, o desgaste físico esperado fez com que o Peru marcasse mais em seu campo e o Brasil se soltasse para um posicionamento mais próximo do que exibiu diante da Bolívia com Renan Lodi espetado como atacante para tirar a superioridade numérica dos defensores. A Seleção teve mais volume, mas seguiu forçando muitos passes por ansiedade.
- Boa parte dos passes que erramos foi tentando verticalizar demais o jogo, que é um pouco a característica do time. É algo que eu não quero tirar, de maneira alguma, mas quero potencializar isso. Para ter mais sucesso, precisa segurar um pouco mais, ter uma paciência agressiva. Os jogadores são hábeis e inteligentes - avaliou Fernando Diniz.
O treinador, por sinal, demorou para trocar peças. Por mais que Gabriel Jesus na vaga de Richarlison tivesse dado maior mobilidade ao ataque e permitisse Neymar cair mais pelo lado esquerdo, foi a entrada de Gabriel Martinelli que indicou o caminho para a vitória.
O atacante do Arsenal deu profundidade em um time que buscava muitas jogadas por dentro. Em lance individual, conseguiu escanteio cobrado por Neymar para Marquinhos fazer o gol da vitória.
Em atuação longe de ser brilhante, o Brasil foi persistente, buscou alternativas e venceu. Com 100% de aproveitamento, o próximo compromisso é diante da Venezuela, em Cuiabá, dia 12 de outubro, e depois o primeiro grande teste contra o Uruguai, dia 17, em Montevidéu.