SELEÇÃO BRASILEIRA

Dorival Júnior faz balanço positivo do ano da Seleção: “Muitas coisas mudaram”

Dorival Júnior faz balanço positivo do ano da Seleção: “Muitas coisas mudaram”

Treinador vê evolução no Brasil e diz que resultados abaixo “encobrem o que está acontecendo”

Salvador - O empate por 1 a 1 com o Uruguai nesta terça-feira em Salvador foi a última partida da seleção brasileira em 2024. Em entrevista coletiva após a partida, Dorival Júnior analisou o jogo na Arena Fonte Nova e a temporada. Ele afirmou que viu evolução no time este ano.

— O trabalho vem melhorando a cada momento. Percebo isso em todas colocações dos jogadores. Essas últimas duas partidas tivemos um bom volume, poderíamos ter uma sorte melhor, um gol a mais daria a chance de finalizarmos este ano na segunda posição. Acho que muitas coisas mudaram. Estamos num caminho, queremos o resultado, estamos próximos que isso aconteça, mas temos que ter paciência para encontrar a equipe ideal, uma que passe mais confiança ao torcedor — disse Dorival, que completou:

— Tivemos volume, oportunidades, mas não concluímos da maneira ideal. Pela forma que nós atuamos desde o primeiro tempo, nós aguardávamos um resultado diferente. Tivemos a paciência na primeira etapa de buscar os passes certos, mesmo com uma marcação consistente. Trabalhamos em cima disso. Mas jogamos com aproximação, mas o que faltou foi nos momentos finais as infiltrações para ter definições de maneira direta.

Ao ser perguntado sobre a segurança no cargo de técnico da seleção brasileira, Dorival Júnior disse que quem deve responder isso é Rodrigo Caetano e Ednaldo Rodrigues. O técnico afirmou que os resultados abaixo estão encobrindo a evolução do time, mas renovou a confiança no trabalho da equipe.

— Acho que quem pode responder melhor que eu é o diretor de futebol e o presidente. Até então, todos estão vendo e acompanhando os trabalhos. Rodrigo (Caetano) não perde um treinamento, está em todos os trabalhos e palestras. O resultado é avaliado desta forma. No Brasil, as pessoas são resultadistas. Eu sei disso. Vivi a vida assim nos clubes. Eles confiaram, acreditaram e sempre contribui com resultados.

— O trabalho está sendo realizado. Mesmo que as pessoas não queiram enxergar, o trabalho está acontecendo. Os resultados, infelizmente, encobrem o que está acontecendo. Tenho confiança no nosso caminho e acredito que os resultados serão melhores nos momentos que necessitarmos deles ainda mais.

O Brasil terminou o ano em quinto lugar nas Eliminatórias, atrás de Argentina, Uruguai, Equador e Colômbia. Questionado se a distância para os rivais encurtou, Dorival Júnior disse que não estaria satisfeito mesmo se a seleção brasileira tivesse terminado a rodada na segunda posição.

— É interessante essa pergunta. Nós, brasileiros, sempre olhamos o lado negativo das coisas. “O Brasil só subiu uma posição”. Eu vejo por outro lado. Não estaria satisfeito se fôssemos o segundo colocado, por um gol que faltou. Ainda estamos em um processo. Com a segunda posição, não estaríamos satisfeitos. Estaríamos buscando ainda uma melhora. E ela está acontecendo. A equipe precisa de um equilíbrio melhor. O time terminou com seis atacantes em campo.

— Acho que nós tivemos mais coisas boas que negativas no último ano, mas acho que os resultados encobrem isso. Tenho os pés no chão e acredito que as coisas estão acontecendo. Não tenho receio em afirmar, pela minha experiência, meu sentimento com os jogadores, que as coisas estão acontecendo. A confiança é grande.

Veja outros trechos da coletiva

Substituições e postura do time

— Nós estamos buscando a melhor forma de administrar a equipe. O jogo foi muito aberto no segundo tempo, não é o que queremos. O Uruguai se defendeu muito bem. Atacamos por todos os lados, buscamos ultrapassagens pelas laterais. De um modo geral, estamos buscando equilíbrio para que seja diferente. A nossa posse de bola tentamos transformar em jogadas agudas. Tivemos um bom volume, mas não concluímos. Vamos transformar esse processo e tentar fazer com que melhore com o tempo.

O time tem dificuldade em definir as jogadas?

— Eu concordo que precisamos ser mais diretos e incisivos. Jogamos contra uma equipe altamente qualificada e segura defensivamente. A equipe do Uruguai é a que mais rouba bolas com pouco tempo que seu adversário está com elas nos pés. Eles levam cinco a seis segundos para roubar a bola. Hoje eles tiveram que balançar o tempo todo. Não sei o que houve com o Darwin, talvez saiu pelo desgaste de ter que correr atrás de nós. Sei que ainda não estamos da forma ideal, mas estamos melhorando, tenho certeza. O que está nos faltando é isso (definir as jogadas).

Elogios de Bielsa na coletiva

— Eu não falaria isso para não expor ele (Bielsa) ou me promover, mas na entrada das duas equipes, o Bielsa falou que estava impressionado com o que vinha vendo da Seleção e das mudanças que tivemos. Partindo da pessoa dele, das colocações que ele fez, eu concordo exatamente. Às vezes, não observamos detalhes de evolução se os resultados não acontecerem. Não sabia que ele tinha dito isso. Então só estou expondo porque ele falou. Para todos nós, é um fato importante. Nós nos enfrentamos na Copa América. Ele disse para eu ter paciência, porque a estrutura já está montada. Ele disse que acredita que em pouco tempo o Brasil voltará a ter o futebol que sempre teve. Conversamos quase quatro minutos. Partindo de um profissional como ele, nos mostra o que estamos tentando realizar. Caminho é árduo e difícil, ainda mais no nosso país, mas vamos atingir tudo que queremos.

Qual o tamanho da falta de Neymar?

— Nunca escondi a admiração que tenho por ele. Todos nós sabemos as condições que ele possui. Eu gostaria que ele voltasse à equipe em um momento que este time pudesse dar um respaldo a ele. Espero que isso volte a acontecer em março, ou na seguinte. É tudo que queremos ver ele em totais condições para que ele possa fazer o melhor dele. Não tenho dúvidas de que com o Neymar o desempenho da Seleção será ainda maior. Acho que lá atrás seria muito cedo ainda imaginar uma volta. Se ele estivesse em condições, já estaria acelerando esse processo para nós.

— Acertamos em não chamá-lo na última, até pelo o que aconteceu depois, a lesão dele. Tivemos muita cautela e segurança, porque estávamos monitorando a situação dele. Tivemos uma atitude correta. Primeiro, que ele resgate as condições dele no clube, depois que ele volte à Seleção, até porque ele é fundamental, sim. Não tenho dúvidas que o crescimento continuará acontecendo com ele na equipe.

Vaias foram pelo resultado ou atuação?

— Pelo resultado, naturalmente. Correto (o Raphinha). As vaias ao fim do primeiro tempo foram mínimas. O resultado não vindo é natural, mas a torcida não interferiu em momento nenhum. Nos passaram tranquilidade, estiveram presentes. Está de parabéns o público. Em Salvador, Belém, Curitiba, São Paulo, Brasília, todos estão. Em todos os lugares sentimos o carinho do torcedor, que está voltando a ter uma confiança na seleção brasileira.

CBF deveria ter feito algo para o público comparecer mais?

— Desconheço isso. Não tenho como falar alguma coisa. Vi que uma faixa do estádio não tinha público. Imaginei que teria acontecido algum problema. Mas não tenho como falar isso. Gostaria de ver o estádio totalmente tomado pelos torcedores. Mas tentamos deixar tudo pelos que compareceram, pelo resultado que todos queriam e gostariam de presenciar. A equipe está trabalhando muito em busca de uma melhora.

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