Rubro-Negro tem dificuldades para fazer gols, mas não dá chances ao Bahia no Maracanã
Rio de Janeiro - Recordista no país, o Flamengo vai para a sua 17ª semifinal de Copa do Brasil após sobrar nas quartas com duas vitórias sobre o Bahia. O placar foi magro nas duas, 1 a 0, e nenhuma delas com atuação brilhante. Mas o Rubro-Negro se classificou com justiça sem dar qualquer esperança ao Tricolor.
Na noite de quinta-feira no Maracanã, o Flamengo não deu chance para o Bahia. Quer dizer, deu uma: o chute para fora de Everaldo cara a cara com Matheus Cunha, após lindo passe de Everton Ribeiro, com apenas quatro minutos de jogo. Só que o susto foi o primeiro e único para os rubro-negros. Dali para a frente, os cariocas controlaram as ações, mesmo nos 49% do tempo em que não tinham a bola.
Assim como havia projetado para a primeira partida em Salvador, Tite optou mais uma vez por povoar o meio de campo e fazer um jogo mais combativo. Desta vez a escolha foi Evertton Araújo, e a aposta se mostrou certeira. O garoto de 21 anos teve personalidade e foi muito bem na marcação, conseguindo vários desarmes. Cometeu também alguns errinhos, mas normais de nervosismo, e saiu aplaudido de pé pela torcida.
Por falar no meio de campo, podemos dizer que a vitória passou pelo setor. Evertton Araújo deu grande proteção aos zagueiros; Léo Ortiz mais uma vez improvisado de volante desfilou em campo e construiu a jogada do gol; e Arrascaeta foi quem mandou a bola para a rede. O uruguaio vinha discreto no jogo, mas é daqueles jogadores que decidem num lampejo. Já tinha dado bom passe para Bruno Henrique no primeiro tempo.
Recuperado de lesão, Arrascaeta é esperança de dias melhores para um Flamengo que vinha muito pouco criativo antes da Data Fifa. Contra o Bahia, ele pisou na área e atacou o espaço que seria do centroavante. Mas a produção ofensiva rubro-negra ainda não foi lá essas coisas no Maracanã. O time teve 13 finalizações (seis delas na direção do gol, ou seja, praticamente metade), mas teve só três chances claras.
Um chute à queima-roupa de Bruno Henrique para defesaça de Marcos Felipe na pequena área, após escanteio, aos 37 minutos do primeiro tempo. No início do segundo, Luiz Araújo deu grande arrancada aos 2 minutos, tabelou com Gerson na área e poderia ter rolado a bola para Arrascaeta livre ao seu lado (veja na imagem abaixo), mas ele tentou finalizar e foi bloqueado. E o gol, já citado, seis minutos depois. Alguém pode falar: “Ah, teve um chute bom do Gerson defendido no começo da partida”. Até teve, mas foi com pouco ângulo para ser considerada uma oportunidade real de gol.
Com o 2 a 0 agregado no placar, o Flamengo sentou na vantagem e mais administrou do que jogou. Recuou e deixou a bola com o Bahia, mas sem sofrer nenhum perigo. Mérito também das boas atuações da primeira linha de defesa, com destaque para Wesley, que defensivamente fez um jogo quase perfeito. No ataque não é só ele que precisa evoluir. O time todo precisa de um desenvolvimento maior para aumentar o volume da equipe.
Desafio pela frente (literalmente)
Foi o primeiro jogo com a ausência definitiva de Pedro na temporada. E nitidamente o artilheiro do Brasil fez e fará ainda muita falta. Bruno Henrique até fez um bom jogo improvisado mais uma vez de falso 9, mas as características são outras. Tanto com ele ou com Gabigol. Quem mais se aproxima é Carlinhos, que não pode jogar na Copa do Brasil e também não se firmou.
Sem um centroavante de ofício para fazer o pivô, o Flamengo sente muito nesse esquema com pontas para segurar a bola no ataque. Pode funcionar como funcionou com Bruno Henrique saindo mais da área e servindo alguém que venha de trás e ocupe o espaço do camisa 9, como aconteceu com Arrascaeta no gol.
Tite, que já declarou ser um “técnico camaleão”, terá que decidir se manterá a formação ou se vai mudar o esquema tático para buscar um novo encaixe do ataque sem um centroavante de ofício. Fato é que a partir do próximo jogo as opções vão aumentar com as possíveis estreias de Gonzalo Plata e Alex Sandro. E ainda tem Alcaraz suspenso e De la Cruz machucado, que em breve estarão de volta e permitirão novas combinações do meio para a frente.