Tricolor passa por cima de jogo quase adiado e desvantagem no placar para avançar às semifinais com goleiro como protagonista nos pênaltis
Porto Alegre - “Foi sofrido, mas sofrido é bom”. A opinião de Renato Portaluppi pode ou não ser verdadeira, conforme o sentimento de cada um. Mas, de fato, a classificação do Grêmio contra o Bahia, nos pênaltis, teve várias pinceladas de sofrimento. Desde angústia pela realização do jogo, que esteve ameaçado pelas fortes chuvas e alerta de ciclone, até pênalti desperdiçado no tempo normal e decisão nas penalidades.
Com mais de uma hora de atraso, o duelo de volta das quartas de final da Copa do Brasil iniciou na Arena. O campo pesado, porém, mesmo que prejudicado pelo mau tempo, não comprometeu tanto a prática do jogo.
O Grêmio teve um primeiro tempo de alternâncias, criando chances claras de gol. O time chegou a ter um pênalti, desperdiçado por Cristaldo em uma grande defesa de Marcos Felipe. Por outro lado, cedia espaços para o Bahia, que assustava. Nos segundos finais, Kayky armou bela jogada e deixou com Everaldo, que acertou o ângulo de Grando: 1 a 0.
Em desvantagem, o Grêmio voltou do intervalo na necessidade de se lançar ao ataque em busca do empate. Foi o que aconteceu, embora o Bahia não ficasse apenas na defesa. Quando exigido, Marcos Felipe cumpria bem seu papel se afirmava como postulante a herói.
Renato mexeu as peças e desfez o esquema com três zagueiros para entrada de Ferreira. A ideia de colocar um jogador de drible e velocidade pelo lado do campo foi atendida. Foi na característica do camisa 10 que nasceu a jogada do gol, na chegada de Villasanti na área.
A virada gremista não foi por falta de tentativa. Vina, em sua despedida do clube, perdeu a oportunidade quase na pequena área, e Ferreira, de cabeça, parou no goleiro. O jogo era aberto, e o Bahia também chegava. Ademir passou perto, e Mugni bateu com desvio no travessão.
Com emoção até o fim, Suárez não fez um golaço da classificação por também parar no travessão. Segundo depois, o uruguaio deixou o campo extenuado pelas dores no joelho e ainda segurava a coxa esquerda. Everaldo teve a última chance do jogo, em falta que Grando pegou firme. A decisão seria nos pênaltis.
Na marca penal, o sofrimento seguiu. O Grêmio perdeu primeiro, com Bruno Alves, mas a desvantagem durou somente até a cobrança seguinte, de Cicinho, defendida por Grando. Após chute para fora de Acevedo, Bitello teve a chance de encerrar o confronto, mas também errou.
A noite, porém, era do goleiro gremista, que pegou a penalidade de Gabriel Xavier e confirmou a vaga. Bancado por Renato, Grando se consolidou na posição e teve, possivelmente, seu maior momento como jogador do clube, sendo protagonista da vaga sofrida nas semifinais.
Mais um jovem formado no clube conduzido a momentos relevantes dentro do Tricolor. A classificação com duas defesas pode dar a Grando o estofo necessário para assumir a posição e deixar de lado contestações e críticas.
Um Grêmio merecedor avançou na Copa do Brasil, ainda que o Bahia tenha feito igualmente um confronto digno de classificação. A alma copeira, porém, tanto exaltada pelos tricolores do Sul, pareceu fazer a diferença no momento decisivo.
O Grêmio sabe como poucos jogar essa competição. Pela 16ª vez, o time disputará a semifinal do torneio, mesmo número do Flamengo, o próximo rival. O sonho do sexto título segue vivo, das mãos de Grando ao sofrimento de mais uma noite de copa na história do clube.