Time ganha disputas e sai de campo com o dobro de chances criadas mesmo com 32% de posse
Rio de Janeiro - Na vitória sobre o Fluminense, o Flamengo teve mais méritos sem a bola do que quando a teve nos pés. Os 2 a 0 no Maracanã, pela Copa do Brasil, mostraram um time competitivo e seguro na defesa. Os rubro-negros saíram com a classificação porque não se constrangeram em anular o rival antes de impor o próprio jogo.
Foi um duelo de poucas chances e raros momentos de superioridade. O Fluminense controlou a bola, e o Flamengo, o espaço. Por isso ganhou as disputas. O domínio para um dos lados só veio nos minutos finais, quando os rubro-negros acharam muitos buracos na defesa do rival, àquela altura desesperado para empatar a partida.
A melhor definição do desempenho saiu de uma resposta sincera do próprio técnico Jorge Sampaoli:
“Faltou um pouco de jogo, mas o time deu muita intensidade”.
Thiago Maia é espelho do jogo; Gerson é o melhor
Para o lado do Fla, o espelho do jogo foi Thiago Maia. Mal no primeiro tempo, pelo número alto de passes errados, o volante ganhou confiança, aumentou o rendimento e saiu de campo com impressão positiva pelo que fez sem a bola, ao salvar lances importantes. Foi vibrante e, com sua raça e carrinhos bem encaixados, ajudou o time ganhar a arquibancada.
Retrato final da classificação, Gabigol fazia partida preocupante até marcar o gol. Não por falta de disposição ou pouca entrega sobretudo na marcação lá na área tricolor, mas pela volúpia com a que vinha se arriscando em faltas duras passíveis de um segundo amarelo. Demorou a finalizar em gol e, na primeira, já no fim do jogo, perdeu chance incrível. Tecnicamente a atuação era aquém do esperado.
Até que no fim, já machucado, arrastando-se e sem condições de dar piques, empurrou a bola na rede tricolor após grande jogada de Wesley. As dores passaram, e Gabriel, agora com 11 gols contra o Fluminense, disparou, dançou, fez o muque e pegou a bandeira como quem diz: “Isso aqui é Flamengo”.
O melhor da partida foi Gerson. Um dos únicos que não errou passes, mesmo sendo o jogador que mais pegou na bola pelo lado do Fla. Jogou em duas funções diferentes, ajudou a fechar o corredor direito e foi decisivo até na bola aérea. Em um dos passes certos na partida, iniciou o lance do primeiro gol, no belo lançamento que passou por Fabrício Bruno e terminou na testada de Arrascaeta.
Estratégia e tempos repetidos
Na escalação, Sampaoli repetiu a escolha que deu certo no jogo de ida. Colocou em campo um time com três defensores, dois volantes, dois meias e apostou somente nos alas como jogadores de velocidade. A diferença foi a entrada de um zagueiro no lugar de um volante, mas o desenho se manteve. Ayrton Lucas saiu da linha de defesa e jogou quase o tempo todo como meia ou ponta pela esquerda.
Só que o resultado inicial não foi o mesmo. O Flamengo deixou o rival controlar e girar a bola e incomodou menos. Gerson jogou avançado e, mesmo assim, precisou se dedicar mais à marcação no corredor. O meio de campo não apareceu com a bola no pé, principalmente no primeiro tempo, e a equipe saiu para o intervalo com uma taxa de acerto de passes baixíssima, de 71%.
Isso teve influência negativa no setor de criação, e a equipe praticamente repetiu o enredo em ambas as etapas. No primeiro e no segundo tempo, o Fla conseguiu só uma finalização nos primeiros 33 minutos. Na etapa inicial, Arrascaeta marcou na segunda tentativa da equipe. Na final, Gerson quase repetiu a história, mas perdeu cara a cara em grande chance também desperdiçada por Everton Cebolinha e Gabigol.
O Flamengo deu prioridade à marcação e anulou o rival, que exigiu apenas duas defesas do goleiro Matheus Cunha, apesar dos 68% de posse de bola. Os rubro-negros cresceram conforme a partida foi para os minutos finais, com contra-ataques perigosos para a defesa exposta do Fluminense. No número final, o time vencedor saiu de campo com quase o dobro de finalizações.
Classificado às quartas de final da Copa do Brasil, o Flamengo tentará manter o espírito de reação na próxima segunda-feira, às 20h (de Brasília), no Maracanã, quando jogará contra o Vasco para tentar voltar ao G-6 do Brasileirão.