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As reinvenções de Renato: veja as variações táticas usadas pelo Grêmio na temporada

As reinvenções de Renato: veja as variações táticas usadas pelo Grêmio na temporada

Treinador utiliza três sistemas diferentes em seis meses e consegue mais de 70% de aproveitamento em 30 jogos

Porto Alegre - Um dos méritos de Renato Portaluppi no Grêmio é a capacidade de reinventar o time mediante problemas. Desde o início do ano, o treinador pôs em prática três formações diferentes, superou lesões e manteve um bom nível competitivo, com dois títulos, 20 vitórias em 30 jogos e aproveitamento superior a 70%.

O Grêmio abriu a temporada com pontas no time e com a ideia de resgatar um futebol propositivo. A lesão de Ferreira, a carência de peças no setor e a chegada de Vina proporcionaram a primeira reinvenção ainda na primeira fase do Gauchão: a equipe passou a atuar com três meias. Desta forma, ganhou Gre-Nal e foi hexa estadual com sobras.

No início do Brasileirão e até na Copa do Brasil, o Tricolor apresentou algumas dificuldades e a intensidade do time passou a ser contestada. Os resultados e as atuações levaram Renato a abrir mão de uma ideia de futebol ofensivo para um esquema mais reativo e com menos posse de bola.

O Tricolor superou a instabilidade recente quando adotou o esquema com três zagueiros e apostou na vitalidade de Cuiabano. São três vitórias seguidas, a última contra o Cruzeiro pela Copa do Brasil. O sistema, de acordo com Renato, não é o definitivo. A eventual chegada de pontas em julho pode trazer à tona o antigo e preferido esquema do treinador (4-2-3-1).

– É o esquema (três zagueiros) que nos últimos três jogos deu certo, mas não quer dizer que seja fixo, até porque reinventei o Grêmio por falta de jogadores de velocidade que tanto gosto. Vínhamos jogando num esquema que faltava velocidade. Coloquei três zagueiros, reinventei o Cuiabano por dentro para ter marcação mais forte e uma saída de bola mais rápida – explicou Renato.

– Não quer dizer que sempre vai jogar com três zagueiros. Já testei alguns esquemas durante as partidas que fomos bem. Acima de tudo, o mais importante é conseguir os resultados. Eu falei para vocês três semanas atrás que tinham jogos que o Grêmio ia jogar não só pela posse de bola, mas também para se defender – completou.

Embora ainda seja apontado por alguns como um técnico com pouco recurso tático, a trajetória de Renato no Grêmio mostra o contrário. Em todas as passagens, ele se adaptou às características do elenco e montou times competitivos. Relembre os esquemas utilizados em 2023.

Ideia propositiva e pontas

O primeiro time do Grêmio em 2023 teve três volantes e três atacantes - Pepê, Carballo e Bitello; Campaz, Ferreira e Suárez. A saída do colombiano abriu brecha para Renato testar Galdino por um jogo. Cristaldo estreou entre os titulares pela direita. Na partida seguinte, contra o Aimoré, o argentino atuou centralizado, e Ferreira se lesionou.

A solução imediata foi apostar em Gabriel Silva por três jogos seguidos do lado esquerdo. O garoto não deu conta. Do lado oposto, Bitello se transformava em uma boa alternativa como um meia avançado. Villasanti e Carballo disputavam vaga ao lado do incontestável Pepê.

Com poucas opções no grupo e com a impossibilidade de contratar Michael, a lacuna da extrema esquerda foi preenchida por Vina, alterando a característica da equipe.

Três meias e título

A ideia de formar um quarteto técnico - Bitello, Cristaldo, Vina e Suárez - rendeu quatro vitórias seguidas, entre elas 6 a 1 no Novo Hamburgo e 2 a 1 sobre o Inter. A equipe passou a ter variações de peças por conta de uma série de desfalques, seja por lesão ou convocação. Mesmo assim, o Grêmio manteve um bom nível, conquistou o hexa estadual e avançou na Copa do Brasil.

Sem Pepê e Carballo para a estreia no Brasileirão, Bitello voltou a ser volante, e Zinho ganhou uma chance em uma nova tentativa de resgatar a ideia original de um ponta velocista. Na rodada seguinte, contra o Cruzeiro, a trinca de meias voltou e teve Nathan. O revés por 1 a 0 ligou o sinal de alerta para a baixa intensidade do time.

Depois de vencer o Cuiabá com dificuldades, a turbulência começou. Ainda com os meias entre os titulares, o empate por 3 a 3 com o Bragantino escancarou fragilidades. O rendimento nos empates com Fortaleza e Cruzeiro (ida das oitavas) fez com que Renato apostasse em uma nova reinvenção.

Três zagueiros e Cuiabano

A primeira vez com três zagueiros foi em abril, na vitória sobre o ABC, fora de casa. A escolha passou diretamente pela ausência de Suárez. O esquema foi retomado contra o Palmeiras, pelo Brasileiro, para tentar anular as ações do time de Abel Ferreira. Não deu certo. Derrota por 4 a 1 e ficou barato.

Em meio ao mau momento e sem peças de velocidade, Renato mudou para retomar confiança: três zagueiros e postura reativa. Contra Inter (3 a 1), Athletico (2 a 1) e Cruzeiro (1 a 0), a equipe foi mais intensa e teve menos a bola. Cuiabano foi a surpresa e funcionou. O jovem deu vitalidade ao time, e Cristaldo, por ora, perdeu a posição.

Embora não seja definitivo, o esquema com três zagueiros ganhará sequência para o duelo deste domingo, às 16h, contra o São Paulo, na Arena.

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