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Cássio vê fim de ciclo e explica motivos para deixar o Corinthians: “Não é porque fui para o banco”

Cássio vê fim de ciclo e explica motivos para deixar o Corinthians: “Não é porque fui para o banco”

Goleiro se despede em coletiva e não crava acerto com o Cruzeiro, possível novo clube do jogador: “Não tenho dúvidas de que saio pela porta da frente”

São Paulo - O goleiro Cássio explicou as motivações para que tomasse a decisão de rescindir seu contrato com o Corinthians. O jogador se despediu neste sábado, em uma entrevista coletiva no CT Joaquim Grava.

– Acho que são momentos, naquele momento (após ir para o banco de reservas) falou-se de eu não ir para o jogo, mas eu não estou saindo do Corinthians por estar no banco e sim pelo ciclo ter acabado. Eu já fui para o banco outras vezes, em 2016 por exemplo, e fiquei, trabalhei 12 anos aqui e não tive problema com treinadores, mas sempre fiz de tudo para ajudar – afirmou o goleiro.

– Algumas coisas vocês sabem e outras não, mas saio com sentimento de dever cumprido, estive com o Corinthians em todos os momentos. O Corinthians está muito bem servido de goleiros neste momento, então saio tranquilo, estive junto com o time em todos os momentos, são 12 anos de muito trabalho e dedicação, saio em paz, pois fiz de tudo pela instituição e ninguém está acima dela, mas chegou minha hora.

O goleiro afirmou, também, que não sai “pela porta dos fundos” do clube:

– Honestamente, todas as festas feitas, todas as homenagens, não tenho dúvida que saí pela porta da frente. Jogo de despedida é para quem vai se aposentar, na minha opinião. Não tenho dúvida de que saio pela porta da frente, não é o que muitos imaginavam, mas não controlamos o futuro. Até brinquei com alguns funcionários, achava que eles iam sair antes. Agora saio em paz, com tranquilidade, olha todo o carinho que recebi, não tive atrito com ninguém, foi tudo conversado.

Cássio admitiu que no começo do ano teve uma oportunidade de deixar o clube, mas que decidiu permanecer por não entender que era o momento. Com o decorrer da temporada, porém, entende que chegou o momento certo.

– Eu acho que uma série de situações e a gente entende quando nosso ciclo acabou. Você olha para trás, vê o que conquistou, e no começo do ano tinha uma oportunidade de sair. Naquele momento achei que não era a oportunidade de sair. Agora eu acho que é o momento, com uma boa oportunidade da carreira – comentou o goleiro.

– Conversei com o Fabinho, com o presidente, com todos, a condução foi boa, não teve briga em momento algum, são pessoas sérias. Encerrar um ciclo de 12 anos e cinco meses não é fácil. Preciso encarar novos desafios, passar por outros clubes, é uma coisa nova. Eu já estava adaptado aqui, mas é legal sair também, sair bem e acho que chegou esse momento – complementou.

Cássio tem conversas avançadas com o Cruzeiro, mas evitou falar sobre os próximos da carreira. Segundo ele ainda não há nada assinado e tem pendências a serem resolvidas antes de qualquer acerto.

– Não cheguei a pensar nisso ainda, estão sendo dias bem emocionantes, não pensei nisso, pois não tenho nenhum contrato assinado com nenhum clube. Estamos resolvendo algumas pendências, mas será um momento especial, será uma novidade para mim, fiquei muito tempo aqui, será diferente, mas vai ser legal, um dia bem bacana.

sala de imprensa

Com a saída de outros líderes recentes, como Gil e Renato Augusto, além da aposentadoria de Fábio Santos, ele passou a ser ainda mais exigido em 2024.

O jogador vinha dando sinais de esgotamento nas últimas semanas. Depois de cometer algumas falhas e desabafar publicamente sobre o momento que vinha atravessando, o goleiro foi reserva nas últimas seis partidas, perdendo a posição para Carlos Miguel.

Atualmente com 36 anos, Cássio pensa em jogar mais três ou quatro temporadas.

O goleiro fez parte de uma das era mais vitoriosas do Timão, culminando com as conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes, ambos em 2012. Além deles, também venceu quatro Paulistas (2013, 2017, 2018 e 2019), dois Brasileiros (2015 e 2017) e uma Recopa Sul-Americana (2013). Também chegou à Seleção como terceiro goleiro na Copa do Mundo de 2018.

Veja mais trechos da entrevista:

O que o Cássio de 2012 falaria para o Cássio de 2024?

– Quando cheguei tinha muita desconfiança sobre meu potencial e com ajuda dos meus companheiros, sem eles não seria nada, eu consegui. Nos últimos dias tenho refletido sobre minha carreira, não tenho a noção de tudo que consegui aqui no Corinthians, mas você olha para trás e vê, eu fiz meu melhor, me dediquei e saio feliz pelo que construi.

Novo destino e o Carinho da torcida

– Muitas pessoas entendem, outras não, enfim, em outros momentos já aconteceu isso, já recebi outras propostas, fico feliz que mais de uma proposta chegou, então creio que meu trabalho foi feito. Mais pra frente falarei para onde eu vou, agora é o momento de falar sobre o Corinthians, tudo que vivi e tudo que me foi proporcionado, não é só o Cássio que proporcionou ao Corinthians, o time me proporcionou muito. Vi muitos vídeos de gente chorando e isso é legal, foi grandioso o que fiz por essa instituição.

A pressão teve a ver com a saída?

– Eu acho que é coincidência, tudo acontece quando tem que acontecer. Já fui ameaçado, e nada é pior que isso, mas em 2022 passei por isso e segui. Quando desabafei após o jogo, no dia seguinte eu já estava leve. Acho que as coisas aconteceram conforme foram aparecendo. Eu acredito em destino, em outros momentos propostas vieram e me mantive forte aqui.

– Vejo que pessoas falam da possibilidade de sair no fim do ano, com um grande jogo, mas para mim está ótimo assim, o respeito. Tirei uma foto muito bacana com todos os funcionários do clube, o último jogo a galera gritando meu nome. Peço desculpas ao torcedor que poderia querer um contato comigo final, mas pedi para ser assim, só uma coletiva, estou feliz por tudo que vivi, está tranquilo, não sou um cara vaidoso.

Qual é a defesa que mais representa o Cássio e qual título mais marcou?

– A defesa não tem dúvida, quando se fala em Cássio e Corinthians é a do Diego Souza pelo Vasco. E o título da Libertadores é muito marcante.

Tamanho da idolatria

– Eu tenho sentido um carinho muito grande do torcedor, por tudo que conquistei, nos jogos, lugares que fomos para jogar, então nós jogadores também temos que ter carinho e respeito com os torcedores. Nunca parei para pensar nisso de tamanho de idolatria, talvez quando eu parar eu pense nisso, agora eu penso no presente, foram 12 anos assim, pensando no presente.

Para o Cássio era a maneira que imaginava sair do Corinthians?

– Eu acho que sim! Honestamente, todas as festas feitas, todas as homenagens, não tenho dúvida que saí pela porta da frente. Jogo de despedida é para quem vai se aposentar, na minha opinião. Não tenho dúvida que saio pela porta da frente, não é o que muitos imaginavam, mas não controlamos o futuro. Até brinquei com alguns funcionários, achava que eles iam sair antes. Agora saio em paz, com tranquilidade, olha todo o carinho que recebi, não tive atrito com ninguém, foi tudo conversado. O pessoal daqui defendeu o Corinthians também e mesmo assim não teve atrito. Tenho a tranquilidade de falar que saio pela porta da frente, saio em paz, com tudo bem acordado.

Sobre Carlos Miguel

– O Miguel é um cara de muita qualidade, tem jogado, tem jogado bem e tem muito potencial. Agora depende dele, ele é o titular absoluto, agora é sequência, uma situação nova. Temos uma amizade muito boa, nunca tivemos problema, ele tem uma história de vida de superação, é lindo de falar. Nunca imaginei ficar 12 anos no gol do Corinthians e fiquei, então é difícil falar agora. O Corithians não precisa ir atrás de goleiro, tem muita gente boa aqui, dois excelentes treinadores de goleiros, eu com certeza construi a minha história por conta desses dois grande profissionais. Desejo muito sucesso a todos ele e o Corinthians está bem servido de goleiro.

Até quando é possível continuar jogando?

– Não me vejo parando, acho que essa mudança prolongará minha carreira. Vai trazer um novo desafio para minha carreira. É muito tempo dentro de um clube, não sei como vai ser, mas estou empolgado e feliz com o novo desafio. Eu sempre tentei ajudar as pessoas, fiz de coração e nunca foi para aparecer, então quando fazemos o bem, no momento certo as coisas se desenrolam e acontecem, o mais importante é sempre fazer o bem. Agradecer a todos que tem ajudado o pessoal lá do Rio Grande do Sul, eu sou gaúcho também, então agradeço. Não temos a mínima noção do que está acontecendo lá, só quem está lá sabe, então que possamos seguir ajudando.

Tem noção do tamanho que tem no Corinthians?

– Eu acho que se eu tivesse noção ou tivesse me apegado a isso, não teria construído tudo isso, pois sempre me dediquei ao momento. Então quem sabe quando eu parar eu penso nisso, quando se apega a conquistas, você acaba perdendo um foco. Claro que sei de todo o carinho que tenho e recebo, sei dos títulos, mas mantenho os pés no chão e creio que tem muita coisa boa ainda para acontecer na minha vida. Estou muito feliz e quando parar terei noção de tudo que aconteceu.

Como você ve a questão da idolatria no Brasil?

– Até nisso tenho que parabenizar a diretoria, pois teve um jogo que fomos jogar lá em Cascavél, e o presidente levou o Edílson Capetinha e achei isso bacana, que mostra respeito. Aqui eu já vi vários caras da história do Corinthians presente. A gente fala da Europa, de pessoas trabalhando nos clubes, mas aqui estamos evoluindo e legal ver a galera de portas abertas no clube. Em contrapartida que os ídolos usufruam bem essa situação, tenham respeito por tudo.

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