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Ex-Cruzeiro, Pepa elogia técnica de jogadores, mas alerta sobre parte mental: “Há muita emoção”

Ex-Cruzeiro, Pepa elogia técnica de jogadores, mas alerta sobre parte mental: “Há muita emoção”

Português rasga elogios aos atletas do Brasil, mas considera como fundamental o apoio psicológico nos clubes: “Más decisões, às vezes, estão diretamente ligadas a essa emoção”

Belo Horizonte - Pepa deixou o Brasil após cinco meses no Cruzeiro. Um período curto, mas intenso. Muitos jogos, treinamentos e convivência no ambiente do futebol. O suficiente para o comandante ver de perto a qualidade técnica dos jogadores brasileiros, mas também apontar a maior dificuldade: a parte mental.

O Cruzeiro foi o clube de maior pressão em que Pepa trabalhou, até o momento. Antes, esteve à frente de equipes modestas de Portugal e também passou rapidamente pela Arábia Saudita. Em Belo Horizonte, encontrou estádios lotados, viu jogadores serem xingados e criticados por atuações ruins ou erros cometidos. Achou que o ambiente do estádio afeta os atletas mais do que deveria.

- Eu acho que ainda há muita emoção no jogador brasileiro. Emoção é bom. Quando digo isso, não é que não tem que ter sangue. Tem que ter sangue.

“O que eu senti é que os jogos partem muito porque os jogadores vão no ruído da torcida, do estádio. Isso, às vezes, parte o jogo. Más decisões, às vezes, estão diretamente ligadas a essa emoção.”

Pepa acredita que os clubes, como um todo, precisam trabalhar mais a parte mental dos jogadores, tanto quanto aprimoram as partes técnica e tática. O português explica que há erros que acontecem justamente em função do ambiente nos estádios, que fazem cair a concentração de quem está em campo.

- Tem que gastar mais energia nessa parte de ajudar o jogador brasileiro no emocional, no controle do jogo. Como? Com trabalho, estratégias. (A comissão e o clube) têm que aprender outras funções. Às vezes, o problema está ali e a gente não consegue identificar. O problema vai crescendo, crescendo, crescendo, até que nos enrola. Agora, está ali o problema, tem que resolver.

“O jogador brasileiro, melhorando isso, é o melhor jogador do mundo. Mas é mesmo. Tem é que ter o controle do jogo. Não estou falando que são malucos. Têm que não vacilar em termos de barulho do estádio. São os melhores do mundo, tanto que vão para o Real Madrid, Barcelona, Premier League”.

Pepa não citou nenhum jogador ou jogo do Cruzeiro, especificamente, ao definir que é necessário mais controle emocional. Mas, vale lembrar, o time perdeu pontos importantes na reta final de alguns jogos recentes: levou gols, depois dos 40 minutos do segundo tempo, nos empates com Athletico e Corinthians, e na derrota para o Palmeiras.

O treinador português considera que o auxílio de profissionais da psicologia nos clubes é fundamental para o andamento do trabalho no Brasil. Ressalta que esse fato não o atrapalhou no Cruzeiro, mas cita que o ambiente de pressão também fora de campo torna essa ajuda fundamental.

- Acho muito importante. Eu digo que é muito importante, mas não estou dizendo que foi isso (que afetou o trabalho). Não faz falta ao Cruzeiro, faz ao futebol. Eu acho o jogador brasileiro, o jogador mais corajoso do mundo. É tão pressionado na rua, no estádio. Tem que ter cuidado. Usa as redes sociais se quiser, mas, se for usar, também é massacrado. Por isso, o jogador brasileiro tem que ser muito forte mentalmente. E é, a maior parte da Série A.

“Estão no topo do futebol brasileiro. Ter essa ajuda emocional de alguém da área, clínica e esportiva, claro que ajuda. Só pode acrescentar. Faz falta.”

Um levantamento feito pelo portal Trivela, nesta semana, identificou que metade dos 20 times que disputam a Série A não tem psicólogos destinados ao time profissional. O Cruzeiro informou que há um profissional parceiro para trabalhar com o atleta quando é identificada necessidade de auxílio.

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