Clima no clube continua pesado depois dos maus resultados recentes, mas diretoria conversa com treinador e evita mudanças antes da partida decisiva pela Copa do Brasil

Rio de Janeiro - A 48 horas de uma partida decisiva, a segunda-feira foi de muita conversa no Ninho do Urubu. Com Jorge Sampaoli mantido no cargo após a eliminação da Libertadores e o empate com os reservas do São Paulo, a diretoria do Flamengo age para apagar focos de insatisfação no CT antes da semifinal da Copa do Brasil contra o Grêmio.

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O episódio da agressão do ex-preparador físico Pablo Fernández em Pedro, no último dia 29, ainda reverbera nos bastidores. A manutenção de Sampaoli no cargo trouxe à tona a necessidade de muita conversa com o grupo desde então, principalmente depois dos últimos maus resultados.

O Flamengo age para superar o episódio, com conversas da cúpula de futebol, formada por Bruno Spindel (diretor executivo) e Marcos Braz (vice-presidente de futebol), com Sampaoli. Nesta segunda, por exemplo, Spindel teve uma longa conversa com o treinador.

Em paralelo, Fabinho Soldado (gerente de futebol) e Juan (gerente técnico) são os responsáveis pela maioria das conversas com o elenco e a comissão técnica do argentino. O objetivo da diretoria é aparar as arestas para dar respaldo a Sampaoli.

O clima continua pesado no CT, especialmente depois dos recentes resultados. As conversas no Ninho buscam soluções para ganhar a Copa do Brasil e em prol do reencontro no Brasileirão. Ainda que o time esteja 15 pontos atrás do Botafogo na tabela, internamente o título ainda é considerado possível.

O comando do futebol rubro-negro divide responsabilidades pelos maus resultados. Por ora, Sampaoli segue com o apoio do presidente Rodolfo Landim, maior entusiasta de sua contratação. Uma eventual troca de comando passa necessariamente pela decisão do dirigente. Até o jogo de quarta-feira, não haverá mudança.

O Flamengo enfrenta o Grêmio na quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), para tentar avançar à final da Copa do Brasil. O time de Sampaoli tem vantagem, já que venceu por 2 a 0 na ida em Porto Alegre.

Relação com elenco

A relação de Sampaoli com o elenco é dividida. Uma parte dos jogadores gosta dos treinamentos do argentino, que são comparados com os métodos utilizados por Jorge Jesus.

Porém, o treinador está longe de ser unanimidade. Há grande insatisfação pela forma como o treinador lida com a situação de alguns atletas mediante a falta de diálogo a respeito de algumas escolhas.

A situação de Pedro é tratada como maior exemplo dessa dificuldade de Sampaoli para gerir crises. Desde a agressão, o treinador não teve qualquer conversa com o atacante. Antes de o Flamengo entrar em campo contra o Cuiabá, o argentino tentou uma aproximação e inclusive deu um abraço no camisa 9. O técnico ficou esperando o jogador acabar a oração para cumprimentá-lo.

Declaração de Braz e de Sampaoli não repercute bem

“Tapar o sol com a peneira”. Assim foi interpretada a declaração de Marcos Braz na zona mista logo após o empate com o São Paulo, no domingo. Alguns dirigentes não entenderam o discurso do vice de futebol.

Ao ser perguntado sobre o distanciamento entre o técnico e o elenco, Braz afirmou não ver tais divergências. Ele afirmou que o elenco está todo abatido e disse que perguntas sobre divisões dentro do elenco só acontecem após resultados negativos.

- Não acredito nisso, que não tenha boa relação. O Sampaoli é um bom treinador, todo mundo sabe que a gente teve um evento fora da curva, que não tem como controlar. O Flamengo, como instituição, tomou todas as atitudes, as pessoas do departamento entenderam isso e a vida seguiu. Tivemos uma vitória sobre o Olimpia aqui em que passei na zona mista e não fui perguntado em relação a elenco e, num ato subsequente, simplesmente fomos eliminados - disse antes de continuar:

- Está todo mundo muito triste. Uns mais, outros menos. Quando falo de uns mais e outros menos é em relação à eliminação. Está todo mundo chateado. É uma desclassificação que foi recente, há três dias, não pode estar ninguém feliz em relação a isso. Não acho justo e correto ser sistemático em tudo quanto é lado que tem divisão. Acho que não é justo porque há uma semana tinha exatamente os mesmos jornalistas que cobrem o Flamengo e não tinha essa questão.

Por outro lado, um discurso de Sampaoli tampouco agradou a alguns. No pré-jogo contra o São Paulo, quando questionado sobre o relacionamento, o argentino disse que tem que se preocupar apenas com o que acontece dentro de campo. Para seus críticos, a fala reforça a premissa de que o técnico não consegue gerir crises.