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Lucas Leiva, do Grêmio, anuncia fim da carreira por problema cardíaco

Lucas Leiva, do Grêmio, anuncia fim da carreira por problema cardíaco

Aos 36 anos, volante decide se aposentar após realizar novos exames e receber recomendação para não praticar atividades físicas de alta intensidade

Porto Alegre - Aos 36 anos, Lucas Leiva está oficialmente aposentado. O volante do Grêmio comunicou o fim da carreira como jogador de futebol em entrevista coletiva nesta quinta-feira, no auditória do Arena. Ele estava afastados dos treinos desde dezembro do ano passado, quando foi diagnosticado com uma alteração cardíaca durante exames de rotina.

O jogador concedeu entrevista ao lado do presidente Alberto Guerra, do vice de futebol Paulo Caleffi, dos médicos Márcio Dornelles e Paulo Rabaldo. O técnico Renato Portaluppi e o zagueiro Pedro Geromel representaram o atual grupo de jogadores. Emocionado, Lucas agradeceu pelos momentos vividos na carreira e disse que um novo ciclo se inicia.

– Primeiro queria agradecer ao Grêmio por todo o apoio nesses três meses. Hoje estou anunciado minha aposentadoria. Tem sido um período difícil, acho que é a primeira vez que choro por esse caso. Mas só tenho a agradecer. Estou encerrando onde eu gostaria, não da forma como eu gostaria. Mas tenho certeza que um novo ciclo vai se iniciar. Tinha muita esperança que pudesse reverter, mas não foi o caso. Minha saúde vem em primeiro lugar – declarou o volante.

De acordo com o médico Márcio Dornelles, o diagnóstico de Lucas Leiva foi de fibrose cicatricial no miocárdio. Após ficar três meses longe da rotina do clube, ele repetiu uma bateria de exames nas últimas semanas para verificar se havia alguma alteração. Como isso não ocorreu, os médicos recomendaram que ele encerrasse a carreira por conta dos riscos.

– Após o término desse período de três meses recomeçamos a realizar todos os exames para ver como ele se encontrava. Terminamos ontem, finalizamos todos os exames. E após avaliar essa fibrose e os riscos que encontramos dessa patologia, orientamos que o Lucas não continuasse com atividades de alta performance porque poderia trazer riscos à saúde, uma delas ter arritimias, e sérios riscos de saúde – explicou o médico.

Em nome do clube, o presidente Alberto Guerra agradeceu o jogador pela carreira e disse que o Grêmio segue de portas abertas, caso ele queira atuar em outras áreas do futebol. Até por ter esperanças de voltar a jogar, Lucas disse que ainda não havia pensando na possibilidade.

– Tinha preparado um discurso bonito, mas não sei se vou conseguir falar tudo. Queria te parabenizar pela carreira exitosa nos clubes que passou, Grêmio, Liverpool e Lazio. É tudo muito recente, fico muito feliz que vai seguir uma vida normal. Quero dizer em nome de todos os gremistas que poucos nos representaram como tu, por isso emociona tanta gente esse momento. Deixo aqui que vamos dar teu tempo, se quer descansar, mas se quiser ajudar o clube, vamos conversar. Tu é um grande líder no vestiário que todos aprendemos a respeitar – declarou o mandatário.

Natural de Dourados, no Mato Grosso do Sul, Lucas Leiva é formado nas categorias de base do Grêmio. Foi promovido ao time profissional em 2005 e participou da famosa Batalha dos Aflitos, contra o Náutico, no duelo que valeu o retorno do Tricolor à Série A naquele ano.

O volante foi vendido ao Liverpool em 2007 e ficou uma década no clube inglês, antes de se transferir para a Lazio, da Itália, onde atuou por mais cinco temporadas. Ele retornou ao Grêmio em junho de 2002 e novamente ajudou o time na campanha do acesso para a Série A. Nas duas passagens pelo clube, foram 96 partidas, com 14 gols marcados.

Leia mais trechos da entrevista:

Futuro no futebol

“Não me vejo me afastando do futebol, mas ainda não sei onde me encaixaria. Teria que testar, não tive tempo, pensei que as coisas poderiam se reverter. Vamos sentar e analisar. Quando tenho um objetivo, tenho dar meu máximo. As portas estão abertas para sentar e ver se encontramos algo que seja bom para todos”.

Comentarista?

“Foi uma experiencia bem diferente, fui participar representando o Grêmio, bem diferente de fazer uma análise sem viés, mas é algo que não pensei ainda. Terei que provar para ver se me adapto, mas foi legal, experimentei coisas nesses três meses a ter algumas certezas e ideias, mas com calma, como é definitivo que não posso mais jogar, com toda tranquilidade vou pensar”.

Presença no dia a dia do clube

“O pessoal sempre me deixou à vontade, de estar indo no CT, estive em todos os jogos, estava fora mas me sinto parte desse grupo, do clube e gostava de estar no dia a dia. Me permiti em alguns momentos estar fora, mas acredito que minha função muito foi fora de campo, ajudar os companheiros, e no meu dia a dia procurei fazer da mesma forma. É importante poder ajudar na adaptação, alguns já tinha amizade. Tentando ajudar de alguma forma”.

Carreira dos sonhos?

“Quando olho para trás, não mudaria nada. Poderia dizer que gostaria ter conquistado algo a mais e jogado mais, mas foram três clubes com identidade enorme, encerrando onde gostaria como sempre falei. Acho que isso vai me trazer muitas oportunidades no futuro justamente como conduzi minha carreira. Somente gratidão e realmente muito feliz pelo percurso que tive. Sempre fui um cara de raízes, e acho que criei onde passei, acho que vou levar pra vida. Sou de Porto Alegre, Liverpool, Roma, lugares muito importantes que pude deixar algo de positivo”.

Dever cumprido?

“Como disse antes, realmente tenho essa sensação, podia falar que esse ano é importante, poderia ajudar em campo, mas o fato de ter voltado ano passado e encerrar onde sempre imaginei, fico em paz. Gratidão por ter descoberto o problema, porque se tivesse sido 15 anos atrás seria de uma maneira mais dramática. Hoje, com 36 anos, tive uma carreira consolidada, só posso olhar o lado positivo, tive uma carreira brilhante e tenho orgulho disso”.

Lado torcedor

“Não tenho dúvida, futebol é minha vida, representa tudo pra mim, foi onde me deu as melhores oportunidades, vou continuar vindo, apoiando ainda mais. Agora é mais difícil, de fora, tenho a noção de como é difícil, estarei presente sempre que puder na Arena. Aqui é minha casa, me sinto bem, companheiros estarão, tomara, dando show como ontem”.

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