Savério Orlandi é o candidato que enfrentará a atual presidente na eleição de novembro. Ao ge, ele diz os motivos para se lançar à disputa e responde se Paulo Nobre vai aderir ao movimento

São Paulo - Savério Orlandi é o candidato de oposição na eleição presidencial do Palmeiras, prevista para ocorrer em novembro. Ele enfrentará Leila Pereira, atual presidente e postulante à reeleição.

A escolha de seu nome como representante do grupo “Palmeiras Avante” é o principal passo no processo de remontagem da oposição do clube, que se fragmentou na história recente.

Desde o ano passado, diferentes grupos que não concordam com a gestão passaram a se reaproximar.

A situação ainda é maioria no Conselho Deliberativo, mas Savério se incomoda quando ouve o movimento da oposição ser tratado com o que define como desdém.

– Acho que é um momento muito bom da oposição. Não posso concordar com o menosprezo, com o desdém, sabe? É um grupo de pessoas. A grande maioria tem uma folha corrida de serviços prestados para o clube – declarou, em entrevista ao ge.

– Quando houve aquela entrevista do ano passado (da Leila), em outubro, aquilo acabou sendo um elemento meio aglutinador, e a partir daí o pessoal começou a se reunir mais, a superar algumas diferenças entre os grupos, independente de questões que também possam ser supostamente insanáveis para pensar no todo – prosseguiu.

A chapa de Savério já foi anunciada, com os vices Luiz Pastore, Roberto Silva, Luciana Santilli e Felipe Giocondo. Leila ainda não divulgou a sua, mas fará mudanças em relação ao atual governo.

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Quem é Savério Orlandi

• Advogado
• 53 anos de idade
• Membro do Conselho Deliberativo há 23 anos
• Ex-membro do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF)
• Diretor de futebol do Palmeiras entre 2007 e 2010

O principal ponto de crítica na atual gestão, para Savério, é a relação que o Palmeiras tem com Leila além do cargo de presidente. Segundo ele, o clube está “enredado”.

– A gente vê uma condição nesse cenário meio personalíssimo e de curto prazo que tem essa característica de autopromoção pessoal. Uma relação de subordinação, de suposta dependência. De “se não sou eu, vocês não são ninguém”. Não é assim. Infelizmente, parte do conselho ouve com os ouvidos dessa forma e se estabelece, lamentavelmente, uma relação de mendicância – avaliou.

– Nós encontramos hoje um momento muito propício para o Palmeiras, de visibilidade da marca. Esse é o melhor momento, temos que ter aderência de novo com o mundo externo.

– O mundo externo quer namorar conosco, todos querem dar a mão pro Palmeiras e justamente nesse momento nós estamos completamente enredados pela atual gestão.
– Eu vou voar, vou voar no avião da empresa aérea da mandatária. Eu vou jogar, se não é no Allianz Parque, é no estádio que ela é concessionária (Arena Barueri). É o patrocínio dela (Crefisa e FAM). Quer dizer, nós estamos absolutamente enredados. Esse não é o caminho da sustentabilidade – acrescentou.

Prestes a anunciar seu plano de governo, Savério Orlandi vê possibilidades de melhora na captação de novos contratos do marketing e desenvolvimento do Avanti. Ele defende planejar o futuro do clube a longo prazo, até daqui a 10 anos, e maior presença de mulheres em cargos de liderança.

– O Palmeiras hoje poderia ter tranquilamente na camisa que vale R$ 81 milhões (fixos com Crefisa e Faculdade das Américas), se ele tivesse abertura, o dobro desse valor. Nós estamos há três anos recebendo 80 milhões. E era para estar mais – calculou.

– O Palmeiras fatura muito, mas ele gasta muito também. A gente viu na última semana o superávit de R$ 132 milhões. Uma coisa é apuração contábil, outra coisa é caixa. O Palmeiras não sanou o problema do fluxo de caixa nesses anos.

– O Palmeiras antecipou as receitas do patrocínio até setembro, no início do ano. O Palmeiras mensalmente faz operações bancárias de empréstimo e devolve no mês seguinte pra cobrir – contou.

Paulo Nobre vai declarar apoio?

Nome da oposição com maior prestígio entre a torcida, Paulo Nobre não vive mais a política do clube desde que deixou a presidência em 2016 e ainda abriu mão de sua vaga vitalícia no Conselho Deliberativo, em 2019.

Há dentro do Palmeiras Avante figuras ligadas ao ex-presidente, como a candidata a vice Luciana Santilli. Mas Savério ainda não teve nenhuma sinalização de que Nobre participará da eleição.

– Os membros da (chapa) Academia (grupo político ligado a Nobre) que estão conosco em quase 100% em algum momento procuraram isso com o Paulo, mas o que eles trouxeram é essa dificuldade por questões pessoais, intransponíveis, que o Paulo entende que não quer mais fazer parte da política do Palmeiras.

Fora da política do clube, Paulo Nobre tem viajado o mundo - Foto/Reprodução

– Eu pessoalmente gostaria muito, mas também não quero o constranger. Conheço o Paulo desde a adolescência, nos formamos juntos na faculdade. Vou pedir a algumas pessoas, mas se ele disser “não quero falar com o Savério”, vou respeitar e acabou o assunto – falou.

Independentemente da sinalização de Paulo Nobre, que presidiu o Verdão de 2013 a 2016, o movimento Palmeiras Avante tem entre 80 e 100 conselheiros, das 288 cadeiras do órgão.

A primeira etapa da eleição será no filtro do Conselho Deliberativo, em que a chapa precisa ter 44 votos na reunião do dia 14 de outubro. Se atingir o número, concorrerá na assembleia de sócios, prevista para a segunda quinzena de novembro.

– O Palmeiras precisa voltar a ter o seu controle. O Palmeiras é gerido por pessoas e assim, ele não pode ter dono, entre aspas, não pode ser uma pessoa que domine tudo e que faça tudo a maneira dela – prosseguiu Savério.

– Tem muita coisa pra acontecer no médio e no longo prazo. Nós temos que andar sozinhos, nós não temos dependência de ninguém. O Palmeiras é grande por si só – encerrou.