Andreas Pereira e Savinho são os destaques individuais do Brasil em vitória por 3 a 2 sobre o México; Endrick decide mais uma vez e gera desafios: quando e no lugar de quem escalá-lo?
College Station, Estados Unidos - Seria, no mínimo, precipitado tirar conclusões para bem ou para mal a partir de um amistoso disputado com uma seleção repleta de novatos e com formação carente de entrosamento. Mas a vitória do Brasil por 3 a 2 sobre o México, neste sábado, apresentou boas notícias e também alguns alertas ao técnico Dorival Júnior a duas semanas da estreia na Copa América.
Com a decisão de escalar uma seleção “B”, sem nenhum titular da última data Fifa, em março, Dorival buscou não apenas mostrar ao grupo que todos os convocados são importantes, como também aproveitar para fazer observações e testes com um “peso” que os treinamentos não oferecem.
Em contrapartida, apesar do pouco tempo até aqui à frente do Brasil, o treinador abriu mão de usar o amistoso para consolidar uma equipe titular. Não se pode ter tudo.
Mesmo sem seus principais jogadores, a Seleção conseguiu abrir o placar cedo, logo aos quatro minutos, e manter o controle na maior parte do jogo mesmo que sem brilhantismo.
Neste contexto, alguns jogadores se destacaram positivamente e mostraram que poderão ser úteis na Copa América e, quem sabe, também na caminhada rumo ao Mundial de 2026. Os dois principais foram Andreas Pereira e Savinho, ambos envolvidos no lance do primeiro gol.
A boa atuação do meia do Fulham ganha ainda mais relevância pela carência de atletas nessa posição e pela dúvida que paira sobre o futuro de Lucas Paquetá, hoje titular do setor.
Jogando avançado, com liberdade para infiltrar na área, Andreas teve ótimo início, mas não conseguiu manter o ritmo, como toda a equipe, sendo substituído aos 15 da etapa final.
Já Savinho, que lida com concorrência maior na ponta direita, aparentou não sentir o peso da primeira vez como titular e soube aproveitar o entrosamento com Yan Couto, companheiro dele no Girona. Ora o atacante ficava mais perto da linha lateral, alargando o campo, ora se deslocava para o centro, abrindo o corredor para Yan avançar.
Tanto Savinho quanto Gabriel Martinelli, pelo lado oposto, faziam o movimento de sair da ponta para o meio, confundindo a marcação mexicana. Tais deslocamentos se tornam ainda mais importante nestes jogos nos Estados Unidos, disputados em campos com dimensões menores, o que dificulta a vida de quem tem a bola e a facilita a dos marcadores.
Reparou que até aqui não falamos de Endrick, que marcou pelo terceiro jogo consecutivo pela Seleção? Aos poucos, o camisa 9 vai deixando de ser uma novidade, para ser uma realidade, e cria desafios a Dorival. Como aproveitar o garoto, ainda menor de idade, sem queimar etapas? E quem tirar do time para encaixá-lo no time? A solução que se apresenta como a mais provável é colocar o jovem no lugar de Raphinha, com Rodrygo sendo deslocado para a direita. Porém, não será surpresa se Endrick começar no banco novamente na quarta-feira, contra os Estados Unidos.
Este é um “problema” bom, mas há outras questões mais delicadas para o treinador brasileiro resolver. Uma delas diz respeito à saída de bola nos tiros de meta, bastante problemática contra o México.
A seleção optou por reiniciar a partida com os zagueiros tocando curto para o goleiro Alisson, como forma de atrair o adversário e gerar espaço às costas da marcação. Porém, cometeu muitos erros, alguns dos quais só não custaram mais caro por falta de qualidade ou capricho dos mexicanos. Faltou, além de melhor qualidade de passe e domínio, maior aproximação dos homens de frente para oferecer opção de jogo.
Neste ponto, mais uma vez a redução do campo tem influência direta, encurtando o espaço para jogar.
Ederson e Evanilson, os dois novatos desta convocação, não estiveram em grande jornada. O primeiro participou pouco da construção ofensiva, enquanto o segundo esteve bastante apagado - também por ter sido pouco acionado em condição de finalizar. Há que se considerar o peso da estreia e, até por isso, foi importante a dupla “quebrar o gelo” em um amistoso.
Se Yan Couto foi elogiado pelo desempenho ofensivo, por outro mostrou que defensivamente ainda precisa evoluir. Ao menos, oferece características bem diferentes das de Danilo, titular da posição.
Outro alerta fica em relação a Lucas Paquetá, que entrou completamente desligado e teve participação negativa nos dois gols do México. Vendo de fora, é impossível saber o quanto tal desempenho teve relação com o momento turbulento vivido pelo jogador, denunciado por suposta participação em manipulação de apostas. Porém, pela importância que o camisa 8 adquiriu na Seleção, é um caso a se olhar com atenção.
Na quarta, Paquetá deve ser titular junto com Vini Júnior, Rodrygo e outros jogadores da equipe “A” brasileira, que terá seu último compromisso antes da estreia na Copa América. Invicto após três jogos, Dorival tem ótimo início de trajetória na Seleção, mas ainda muito trabalho pela frente.