Treinador repete discurso comedido ao comentar mais um gol do atacante, diz que time mais jovem faz parte do planejamento para 2026 e reafirma convicção por time alternativo
College Station, Estados Unidos - Convicção pela escolha de um time reserva, satisfação pelos resultados e elogios comedidos a Endrick. Dorival Júnior apresentou a tranquilidade que lhe é habitual ao comentar a vitória por 3 a 2 sobre o México, neste sábado, em amistoso realizado no Texas, Estados Unidos. E nem o gol salvador marcado aos 50 minutos do segundo tempo o fez cair na empolgação sobre o jovem ex-Palmeiras.
Como já tinha dito na coletiva da véspera, o treinador da seleção brasileira demonstrou preocupação com os elogios e comparações após os feitos de Endrick com a camisa da Seleção. Antes dos 18 anos, por exemplo, apenas Pelé tinha feito gols em três partidas consecutivas pelo Brasil:
– (O gol) é um fator importante, que vai passando confiança para o atleta. Temos que ter calma e paciência, sem comparação nenhuma com um nome ou outro. O Endrick tem que se fazer por ele próprio. Ele tem que buscar o seu espaço e é isso que vem acontecendo com calma.
– Vamos ter muito cuidado com esse garoto. Está acontecendo muita coisa em sua vida em tão pouco tempo. Ele mantém a essência. Vi o início no Palmeiras e é uma coisa importante, que chama a atenção e engrandece o que ele está realizando em tão pouco tempo de carreira.
Dorival Júnior falou sobre a escolha de mudar 100% do time em relação ao que enfrentou Inglaterra e Espanha, em março. Para o treinador, a necessidade de observar novas peças norteou a decisão.
– A equipe jogou com muita confiança, o meio de campo teve ótimos momentos na partida e acredito que era o único momento que poderíamos ter uma observação um pouco maior de todo elenco. Tivemos a atitude correta e tomamos uma decisão importante dando oportunidade para muitos jogadores. Ficamos satisfeitos com o que vimos ao longo de 90 minutos.
A reformulação fez com que o Brasil entrasse em campo com um time bastante jovem. Tudo dentro do planejamento de Dorival, que se prepara para a Copa América, mas admite pensar também na volta aos Estados Unidos para a Copa de 2026.
– É uma Seleção jovem. Porém, temos que imaginar que é daqui a dois anos ainda para atingirmos um melhor momento e conseguir uma melhor condição nas eliminatórias para a Copa do Mundo. Acredito que aos poucos essa equipe vai amadurecendo, criando corpo e dando oportunidade para jovens. Queremos lealdade na disputa por posição. Por isso, falei que é um somatório de duas partidas e dos treinamentos para decidirmos o que fazer na Copa América. A disputa está em aberto.
Com duas vitórias e um empate sob o comando de Dorival, o Brasil retorna para Orlando, onde encara os Estados Unidos na próxima quarta-feira, no Camping World Stadium, às 20h. A Seleção segue na Flórida até o dia 20, quando embarca para a Califórnia para a estreia na Copa América, dia 24, diante da Costa Rica, em Inglewood.
Confira outros trechos da entrevista:
Savinho
– Fico muito satisfeito por acompanhar esse momento do Savinho. Nos chamou a atenção desde a primeira convocação e busca um crescimento, um amadurecimento na carreira. Fizemos um primeiro gol em uma jogada trabalhada exaustivamente ao longo desses dez dias. O movimento quase completo com o Savinho entrando por dentro, Yan fazendo o movimento sujo dando condição da bola cair no pé do Savinho para projetar e o Andreas usar o corredor muito bem. Pontuamos que poderia acontecer e na insistência dele em confiar nos fez crer que estamos em um bom caminho.
O jogo
– Tivemos alternâncias dentro da partida, isso é um fato. Uma equipe era jovem que fez apenas seis treinamentos completos e se apresentou como apresentou. Enfrentamos uma equipe bem postada e um estádio praticamente com a torcida única. Tivemos 10 a 15 mil brasileiros que fizeram a diferença a nosso favor. Tivemos mais coisas positivas do que negativas. Quando estávamos com o jogo mais estabilizado, sofremos os dois gols. Mesmo assim, tivemos a força que tivemos contra a Espanha e fomos buscar o terceiro gol. Temos que pontuar tudo o que tem acontecido. De modo geral, ao final de 90 minutos de um jogo com alternâncias, estou muito mais satisfeito do que preocupado.
Saída de bola
– É natural que tenhamos usado mais o goleiro do que o necessário. Quando isso acontece, é óbvio pelo bom posicionamento da equipe adversária e também pelo campo reduzido, mais próximas as marcações. Acredito que por isso teremos uma dificuldade maior. O México também sentiu isso pelo encurtamento do campo e a dificuldade grande. Mesmo assim, nossos dois gols foram todos trabalhados com troca de passe e aproximação, assim como o primeiro gol do México. Com tudo isso, acredito que México e Brasil tenham tido momentos positivos e negativos dentro da partida. É uma equipe que não havia atuado ainda e nos proporcionou um jogo até certo momento equilibrado com posse de bola. De um modo geral, acredito que tenhamos tido mais coisas boas do que ruins. Erros acontecem, dificuldades foram grandes, mas são passíveis de correção. O que importa é que vimos uma equipe tentando fazer de maneira correta e buscando o gol adversário. É muito pouco tempo para cobrar uma regularidade de 90 minutos.
Variação tática
– Se avaliarmos em um primeiro momento, é uma equipe de jogo posicional, mas é tudo o que eu não quero. Quero que as posições sejam preenchidas, mas com alternâncias dos dois lados completando o homem centralizado que não dê a condição aos dois zagueiros. Quero muita liberdade de movimento para chegar com muitos homens para as conclusões. Tivemos alternâncias, atacamos espaços como nós treinamos e isso é o positivo a ser destacado.